terça-feira, 30 de outubro de 2007

Não vai dar certo

Fifa confirma Copa de 2014 no Brasil


Terei assunto para um blog até no mínimo 2015. Imagine toda a idiotice, toda a estupidez e toda a canalhice do Pan espalhadas pelo país inteiro. Mal posso esperar.

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Arolde de Oliveira - O homem que o Rio precisa

Mas é mesmo um incapaz esse Secretário de Transportes (?!?!) do Rio de Janeiro. Para começar, se há um culpado direto por dessa cidade ser inviável, esse culpado é ele. Ele, sua turma e seu chefe Cesar Maia não sabem o que é planejamento e parece que só estão nos seus respectivos cargos para garantir vantagens para as empresas de ônibus.


Agora vem Arolde dizer que não havia como avisar a população com antecedência sobre o fechamento do Túnel Rebouças.


Conversa. Uma coisa poderia ser feita. Uma coisa muito fácil. A Prefeitura poderia colocar um aviso na página da CET Rio e em qualquer outra página oficial ligada aos transportes. Mas, já é sabido, os serviços online da Prefeitura são uma piada. Essa forma de notificação pode até não ser a mais eficiente, mas já é um começo.


Como mostrei ontem, a CET Rio é uma imprestável na Internet. Sua página só voltou a funcionar mais ou menos hoje.


Estamos entregues aos piores tipos.

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Provavelmente é isso que o Cesar Maia vai fazer

caos no trânsito


Prefeitura recomenda que população evite sair de casa até término de limpeza do Túnel Rebouças

Publicada em 24/10/2007 às 17h08m

O Globo Online

RIO - A boa vontade demonstrada pela população carioca durante os Jogos Pan-Americanos terá que ser novamente posta a prova até o próximo sábado . O motivo dessa vez é bem menos festivo: a interdição do Túnel Rebouças, principal ligação entre a Zona Sul e a Zona Norte e Centro da cidade. O deslizamento de cinco mil toneladas de terra entre as duas galerias do túnel , no Cosme Velho, deixou o trânsito caótico em toda a cidade nesta quarta-feira. Para a volta para casa, a CET-Rio orienta os motoristas a deixarem seus carros no trabalho e usar o transporte coletivo. O secretário municipal de Obras, Eider Dantas, recomendou que as pessoas só saiam de casa até o término da limpeza das pistas se for estritamente necessário.

A CET-Rio explica que o tempo dos sinais foi alterado para facilitar o escoamento e a movimentação de na cidade está sendo monitorado por câmeras para minimizar os transtornos. Mesmo assim, a lentidão é invevitável, uma vez que o Rebouças é uma das mais importantes vias da cidade e seu fechamento causa problemas em outros importantes distribuidores de circulação, como a Lagoa e Botafogo.

Auto-Estrada Lagoa-Barra não terá faixa reversível nesta quinta

O problema do uso de carros particulares é, além do aumento de veículos na rua, o risco de problemas mecânicos e acidentes. A CET-Rio orienta ainda os motoristas a diminuirem a velocidade e lembra que os ônibus, por terem porte maior, tem mais facilidade em passar por ruas alagadas.

Na manhã de quinta, a faixa reversível da Auto-Estrada Lagoa-Barra não será implementada, mas todas as outras funcionarão normalmente. A CET-Rio recomenda que as pessoas antecipem o horário de saída de casa e procurem rotas alternativas, para evitar especialmente a Lagoa e Botafogo. É esperada uma melhora do trânsito, mas ainda assim será preciso ter paciência, pois a lentidão é inevitável.

O Metrô Rio e a Supervia estão trabalhando 100% da capacidade nos horários de pico, nos horários de ida e volta do trabalho. Esse esquema será mantido na quinta e na sexta-feira, enquanto houver demanda. Nesta quarta, entre 6h e 10h20m, foram transportados 200 mil passageiros no metrô, um aumento de 10%.


A CET Rio diz que está monitorando o trânsito com câmeras (negrito meu no texto). Hahahaha! Até parece que é sério.


Você se arriscaria?


Quer saber como está o trânsito na Barra?

Ajuda da CET Rio

Trem ou metrô

Globo News. Exatamente agora, a moça solta essa quando falava do deslizamento de terra no Túnel Rebouças:

“as autoridades pedem ao motorista que deixe o carro em casa e utilize o trem ou o metrô”.

Hahahahahahahaha!

Trem ou metrô.

Bom dia!

Túnel Rebouças fechado, Radial Oeste alagada, Aterro do Flamengo totalmente engarrafado. Ninguém anda. Voluntários da Pátria, Borges de Medeiros, tudo parado. Não se chega ao Centro.


No Rio, um fenômeno climático dos mais corriqueiros, tão conhecido da administração pública há séculos, ainda é capaz de destruir a cidade e causar um transtorno que poderia ser facilmente evitado.


Que vergonha. E para piorar, não adianta procurar informações no site da CET RIO. Ele não funciona.

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Já melhorou muito!

Alguns efeitos da proibição da venda de cerveja gelada em postos de gasolina.


Tragédia sem fim

Dois mortos em dois acidentes no Rio


Acidente

Ônibus bate no Mergulhão da Praça XV e deixa 18 feridos


Acidente no Engenho de Dentro deixa um ferido


Carro capota na Mangueira e deixa um morto


Acidente no Centro do Rio deixa 2 feridos

Carro e ônibus colidiram na Avenida Presidente Antônio Carlos.
Vítimas foram levadas para o Hospital Souza Aguiar.


Tem muito mais por aí.


Um caso verídico e esclarecedor:

Ontem, vi um otário conscientemente entrando em um retorno pela contramão, só porque estava com preguiça de fazer o retorno correto até um posto de gasolina. No vidro traseiro do idiota havia um adesivo onde se lia “minha educação depende da sua”.


Como tinha escrito antes, a culpa não é da cerveja.

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Aí também não, Ferréz.

Só hoje passou pelas minhas mão o texto resposta do Ferréz ao que foi escrito pelo Luciano Huck. Saiu no mesmo espaço da Folha, no dia 8. Pelo andar das argumentações, o debate não vai ser saudável.


Tá tudo errado. De um lado Luciano tira o corpo fora e cobra medidas fascistas contra violência que ele acabou de descobrir. Do outro, Ferréz, um cara da quebrada que anda de Mercedes, só falta ver nos assaltos um ato de justiça social e distribuição de renda. Quanto equívoco!


Quando um assaltante desses, armado e motorizado, assalta, não há nada de justo ou libertário. Muito pelo contrário. Ele só quer entrar na roda de consumo de bens tão cara a nossa estrutura social capitalista, amante do valor e da posse. Um assaltante desses não tem ideologia revolucionária e o que o move é uma necessidade supérflua, incentivada pelos valores difundidos por programas como o Caldeirão do Huck.


O discurso de Ferréz também é um discurso da conformidade. Ele se recusa a ver uma saída que rejeite os valores de consumo. Da maneira que coloca as coisas, Ferréz concorda que a plenitude chega através do poder de compra.


Os dois lados do debate são puro retrocesso. Os dois assumem e festejam a distribuição de uma riqueza indefinida. Não é tirando de quem tem que se passa a ter. Isso é migalha, como as distribuídas por Huck e seus comparsas.


Colo a posição do Ferréz abaixo pois o link é só para assinantes.


TENDÊNCIAS/DEBATES

Pensamentos de um "correria"

FERRÉZ


"Ele não terá homenagem póstuma se falhar. Pensa: "Como alguém usa no braço algo que dá pra comprar várias casas na quebrada?"




ELE ME olha, cumprimenta rápido e vai pra padaria. Acordou cedo, tratou de acordar o amigo que vai ser seu garupa e foi tomar café. A mãe já está na padaria também, pedindo dinheiro pra alguém pra tomar mais uma dose de cachaça. Ele finge não vê-la, toma seu café de um gole só e sai pra missão, que é como todos chamam fazer um assalto.
Se voltar com algo, seu filho, seus irmãos, sua mãe, sua tia, seu padrasto, todos vão gastar o dinheiro com ele, sem exigir de onde veio, sem nota fiscal, sem gerar impostos.
Quando o filho chora de fome, moral não vai ajudar. A selva de pedra criou suas leis, vidro escuro pra não ver dentro do carro, cada qual com sua vida, cada qual com seus problemas, sem tempo pra sentimentalismo. O menino no farol não consegue pedir dinheiro, o vidro escuro não deixa mostrar nada.
O motoboy tenta se afastar, desconfia, pois ele está com outro na garupa, lembra das 36 prestações que faltam pra quitar a moto, mas tem que arriscar e acelera, só tem 20 minutos pra entregar uma correspondência do outro lado da cidade, se atrasar a entrega, perde o serviço, se morrer no caminho, amanhã tem outro na vaga.
Quando passa pelos dois na moto, percebe que é da sua quebrada, dá um toque no acelerador e sai da reta, sabe que os caras estão pra fazer uma fita.
Enquanto isso, muitos em seus carros ouvem suas músicas, falam em seus celulares e pensam que estão vivos e num país legal.
Ele anda devagar entre os carros, o garupa está atento, se a missão falhar, não terá homenagem póstuma, deixará uma família destroçada, porque a sua já é, e não terá uma multidão triste por sua morte. Será apenas mais um coitado com capacete velho e um 38 enferrujado jogado no chão, atrapalhando o trânsito.
Teve infância, isso teve, tudo bem que sem nada demais, mas sua mãe o levava ao circo todos os anos, só parou depois que seu novo marido a proibiu de sair de casa. Ela começou a beber a mesma bebida que os programas de TV mostram nos seus comerciais, só que, neles, ninguém sofre por beber.
Teve educação, a mesma que todos da sua comunidade tiveram, quase nada que sirva pro século 21. A professora passava um monte de coisa na lousa -mas, pra que estudar se, pela nova lei do governo, todo mundo é aprovado?
Ainda menino, quando assistia às propagandas, entendia que ou você tem ou você não é nada, sabia que era melhor viver pouco como alguém do que morrer velho como ninguém.
Leu em algum lugar que São Paulo está ficando indefensável, mas não sabia o que queriam dizer, defesa de quem? Parece assunto de guerra. Não acreditava em heróis, isso não!
Nunca gostou do super-homem nem de nenhum desses caras americanos, preferia respeitar os malandros mais velhos que moravam no seu bairro, o exemplo é aquele ali e pronto.
Tomava tapa na cara do seu padrasto, tomava tapa na cara dos policiais, mas nunca deu tapa na cara de nenhuma das suas vítimas. Ou matava logo ou saía fora.
Era da seguinte opinião: nunca iria num programa de auditório se humilhar perante milhões de brasileiros, se equilibrando numa tábua pra ganhar o suficiente pra cobrir as dívidas, isso nunca faria, um homem de verdade não pode ser medido por isso.
Ele ganhou logo cedo um kit pobreza, mas sempre pensou que, apesar de morar perto do lixo, não fazia parte dele, não era lixo.
A hora estava se aproximando, tinha um braço ali vacilando. Se perguntava como alguém pode usar no braço algo que dá pra comprar várias casas na sua quebrada. Tantas pessoas que conheceu que trabalharam a vida inteira sendo babá de meninos mimados, fazendo a comida deles, cuidando da segurança e limpeza deles e, no final, ficaram velhas, morreram e nunca puderam fazer o mesmo por seus filhos!
Estava decidido, iria vender o relógio e ficaria de boa talvez por alguns meses. O cara pra quem venderia poderia usar o relógio e se sentir como o apresentador feliz que sempre está cercado de mulheres seminuas em seu programa.
Se o assalto não desse certo, talvez cadeira de rodas, prisão ou caixão, não teria como recorrer ao seguro nem teria segunda chance. O correria decidiu agir. Passou, parou, intimou, levou.
No final das contas, todos saíram ganhando, o assaltado ficou com o que tinha de mais valioso, que é sua vida, e o correria ficou com o relógio.
Não vejo motivo pra reclamação, afinal, num mundo indefensável, até que o rolo foi justo pra ambas as partes.


REGINALDO FERREIRA DA SILVA , 31, o Ferréz, escritor e rapper, é autor de "Capão Pecado", romance sobre o cotidiano violento do bairro do Capão Redondo, na periferia de São Paulo, onde ele vive, e de "Ninguém é Inocente em São Paulo", entre outras obras.

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Hoje, um dia triste

Hoje, dia 1 de outubro de 2007 entra para a história como um dia de pesar.


A partir de hoje os postos de gasolina dessa vila medieval não poderão mais vender cerveja. A partir de hoje, eu, pessoa responsável que não dirige quando bebe, terei minha vida significativamente atrapalhada. A partir de hoje o mundo fica mais feio.


A tragédia anunciada só bateu ontem, quando parei em um posto para comprar umas latinhas. Choque! Não havia nenhuma. Não haverá mais. Naquele momento eu me dei conta de que moro no Rio de Janeiro, terra onde a justiça é cerceamento, onde os problemas são escondidos, onde a burrice impera e onde a correção é desestimulada com hipocrisia.


Alguém tem que avisar aos nossos legisladores que as pessoas batem de carro porque são mal educadas. Elas batem de carro porque não sabem dirigir, porque não sabem respeitar o outro. Os postos vão parar de vender cerveja e o carioca vai continuar a bater de carro.


No final quem se fode sou eu, bom cidadão que pára no sinal, estaciona só onde é permitido, não dirige bêbado e gosta de encher a lata com consciência.


Lugarzinho de merda esse!

Saio do meu retiro

HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA!


Que Bizarro!

Aonde chegamos? O que se passa?


A sessão Tendências/Debates da Folha de São Paulo, outrora um espaço sério, está manchada para sempre com esse texto do Luciano Huck.


Infelizmente o link é só para assinantes, o que me obriga a colar o troço aqui. Mas aviso logo, é um absurdo do início ao fim.


Luciano Huck é sim uma pessoa ruim e nunca vai merecer meu respeito. O texto é feio e, o que realmente preocupa, burro. Fico imaginando o que levou a Folha a dar espaço nobre para esse tipo de argumentação rasa.


A melhor parte é quando ele diz que passa o dia todo tentando fazer as pessoas mais felizes e que TV diverte. Meu Deus! Ele realmente acha que o programa que faz é bom, que aquela porcaria de “Caldeirão” ajuda a construir um mundo melhor.


Luciano ganha a vida semeando ignorância. Sua carreira foi construída às custas da desgraça dos outros. Seu programa é uma completa falta de respeito com qualquer coisa que se possa chamar de cultura. E agora reclama quando a merda começa a respingar nele. Essa sociedade moribunda, violenta, foi edificada tendo como base os valores medonhos disseminados por programas como o “Caldeirão” desse tal de Huck.


O certo é um relógio não ser motivo para se acabar com uma vida. Mas nesse mundo, no mundo que Luciano Huck gosta de viver e propagandeia na TV, os objetos são tão importantes quanto qualquer ser humano.


Seria muito bom se todos os acéfalos que assistem ao “Caldeirão” lessem esse texto. Um retrato perfeito de como pensa nossa elite reaça e segregacionista. Só faltou pedir para construir um muro cercando os Jardins.


Leiam e chorem.


TENDÊNCIAS/DEBATES

Pensamentos quase póstumos

LUCIANO HUCK


Pago todos os impostos. E, como resultado, depois do cafezinho, em vez de balas de caramelo, quase recebo balas de chumbo na testa



LUCIANO HUCK foi assassinado. Manchete do "Jornal Nacional" de ontem. E eu, algumas páginas à frente neste diário, provavelmente no caderno policial. E, quem sabe, uma homenagem póstuma no caderno de cultura.
Não veria meu segundo filho. Deixaria órfã uma inocente criança. Uma jovem viúva. Uma família destroçada. Uma multidão bastante triste. Um governador envergonhado. Um presidente em silêncio.
Por quê? Por causa de um relógio.
Como brasileiro, tenho até pena dos dois pobres coitados montados naquela moto com um par de capacetes velhos e um 38 bem carregado.
Provavelmente não tiveram infância e educação, muito menos oportunidades. O que não justifica ficar tentando matar as pessoas em plena luz do dia. O lugar deles é na cadeia.
Agora, como cidadão paulistano, fico revoltado. Juro que pago todos os meus impostos, uma fortuna. E, como resultado, depois do cafezinho, em vez de balas de caramelo, quase recebo balas de chumbo na testa.
Adoro São Paulo. É a minha cidade. Nasci aqui. As minhas raízes estão aqui. Defendo esta cidade. Mas a situação está ficando indefensável.
Passei um dia na cidade nesta semana -moro no Rio por motivos profissionais- e três assaltos passaram por mim. Meu irmão, uma funcionária e eu. Foi-se um relógio que acabara de ganhar da minha esposa em comemoração ao meu aniversário. Todos nos Jardins, com assaltantes armados, de motos e revólveres.
Onde está a polícia? Onde está a "Elite da Tropa"? Quem sabe até a "Tropa de Elite"! Chamem o comandante Nascimento! Está na hora de discutirmos segurança pública de verdade. Tenho certeza de que esse tipo de assalto ao transeunte, ao motorista, não leva mais do que 30 dias para ser extinto. Dois ladrões a bordo de uma moto, com uma coleção de relógios e pertences alheios na mochila e um par de armas de fogo não se teletransportam da rua Renato Paes de Barros para o infinito.
Passo o dia pensando em como deixar as pessoas mais felizes e como tentar fazer este país mais bacana. TV diverte e a ONG que presido tem um trabalho sério e eficiente em sua missão. Meu prazer passa pelo bem-estar coletivo, não tenho dúvidas disso.
Confesso que já andei de carro blindado, mas aboli. Por filosofia. Concluí que não era isso que queria para a minha cidade. Não queria assumir que estávamos vivendo em Bogotá. Errei na mosca. Bogotá melhorou muito. E nós? Bem, nós estamos chafurdados na violência urbana e não vejo perspectiva de sairmos do atoleiro.
Escrevo este texto não para colocar a revolta de alguém que perdeu o rolex, mas a indignação de alguém que de alguma forma dirigiu sua vida e sua energia para ajudar a construir um cenário mais maduro, mais profissional, mais equilibrado e justo e concluir -com um 38 na testa- que o país está em diversas frentes caminhando nessa direção, mas, de outro lado, continua mergulhado em problemas quase "infantis" para uma sociedade moderna e justa.
De um lado, a pujança do Brasil. Mas, do outro, crianças sendo assassinadas a golpes de estilete na periferia, assaltos a mão armada sendo executados em série nos bairros ricos, corruptos notórios e comprovados mantendo-se no governo. Nem Bogotá é mais aqui.
Onde estão os projetos? Onde estão as políticas públicas de segurança? Onde está a polícia? Quem compra as centenas de relógios roubados? Onde vende? Não acredito que a polícia não saiba. Finge não saber.
Alguém consegue explicar um assassino condenado que passa final de semana em casa!? Qual é a lógica disso? Ou um par de "extraterrestres" fortemente armado desfilando pelos bairros nobres de São Paulo?
Estou à procura de um salvador da pátria. Pensei que poderia ser o Mano Brown, mas, no "Roda Vida" da última segunda-feira, descobri que ele não é nem quer ser o tal. Pensei no comandante Nascimento, mas descobri que, na verdade, "Tropa de Elite" é uma obra de ficção e que aquele na tela é o Wagner Moura, o Olavo da novela. Pensei no presidente, mas não sei no que ele está pensando.
Enfim, pensei, pensei, pensei. Enquanto isso, João Dória Jr. grita: "Cansei". O Lobão canta: "Peidei".
Pensando, cansado ou peidando, hoje posso dizer que sou parte das estatísticas da violência em São Paulo. E, se você ainda não tem um assalto para chamar de seu, não se preocupe: a sua hora vai chegar.
Desculpem o desabafo, mas, hoje amanheci um cidadão envergonhado de ser paulistano, um brasileiro humilhado por um calibre 38 e um homem que correu o risco de não ver os seus filhos crescerem por causa de um relógio.
Isso não está certo.


LUCIANO HUCK, 36, apresentador de TV, comanda o programa "Caldeirão do Huck", na TV Globo. É diretor-presidente do Instituto Criar de TV, Cinema e Novas Mídias.